O Festival


Apresentação

Este ano, o FUGA apresenta um perfil diferenciado em relação às edições anteriores. Com a alteração do calendário acadêmico, ocorrida em função da greve dos professores das IFES, as disciplinas de Oficina do Espetáculo do curso de Artes Cênicas só chegarão a resultados finais em março de 2013. Estas oficinas têm apresentações programadas para o período de sua conclusão, como também para o FUGA 6, previsto para ocorrer em dezembro de 2013, condensando trabalhos disciplinares de dois anos letivos.

Buscando preservar a continuidade e tradição do festival, os coordenadores e produtores do projeto, em acordo com a coordenação do curso de Artes Cênicas e os demais professores da área, decidiram manter a realização de uma edição do FUGA em 2012, assumindo a realidade dos trânsitos e incorporando as mudanças à própria feição da quinta edição do festival. Tudo isso não poderia ter sido concretizado sem o apoio institucional da Reitoria, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e da Pró-Reitoria de Administração e Finanças da UFG, que acolheram a ideia e se esforçaram em colaborar com a sua viabilização.

Por outro lado, no quesito intercâmbio o FUGA 5 chega rico e cheio de diversidade. Ajudado por uma série de fatores não programados e honrado com coincidências pra lá de significativas, este ano o festival poderá contar com apresentações vindas de diversos lugares, além da produção local, oriunda de pesquisas ocorridas na universidade, em cursos profissionalizantes e por grupos independentes.

Da parte da UFG, está prevista apresentação de espetáculos e peças musicais vinculados a projetos de pesquisa e extensão, desenvolvidos por professores e estudantes das áreas de música e artes cênicas, além de trabalho veiculado através de intercâmbio internacional. Receberemos ainda um espetáculo da Universidade Federal de Uberlândia e outro desenvolvido no CEP em Artes Basileu França, e outros oriundos de pesquisas independentes, desenvolvidos em Goiânia. O FUGA 5 manterá também a tradição de receber artistas convidados, contado com o benefício de programas públicos de incentivo à circulação.

Com estas mudanças não programadas e coincidências significativas, o FUGA 5 chega ao público goiano com muitas e boas expectativas. E com o desejo de poder continuar a ser um importante evento do calendário cultural brasileiro, capaz de colaborar com o enriquecimento cultural do estado de Goiás.




FUGA 5 - TRANSE EM TRÂNSITO

Vivemos num mundo em trânsito. Migramos de um modo de organização da vida para outro. Na linguagem de Pierre Weill, somos literalmente mutantes e acompanhamos o transe entre um modo de ser e viver e outro, ainda em gestação. Para o filósofo Nietzsche, o ser humano como o conhecemos hoje, constitui ponte entre seus ancestrais antigos e uma nova espécie, um novo homem.

Nossa organização social, nossas instituições, nossas relações estão em transe. Transitam. E entre tantas mutações, a nave Terra, em estado de lotação, também muda. E começamos a considerar seriamente a célebre frase de Antonin Artaud, segundo a qual, o céu ainda pode cair sobre nossas cabeças. Literalmente.

O teatro, tanto assim, já caiu sobre nossas cabeças, e acompanha os transes de uma realidade em trânsito. Depois de séculos de certeza, o teatro do Ocidente conquistador descobriu-se como mais um entre tantos mundos possíveis. O melhor? O pior? O melhor e o pior teatro são relativos àquele que vê! Apenas um. O melhor teatro é aquele que nos faculta sermos pessoas melhores e artistas melhores. Tanto na arte quanto na vida.

Sob a temática TRANSE EM TRÂNSITO, o FUGA 5 será celebrado entre mudanças temporárias de calendário e estados de suspensão. Literalmente no meio do segundo semestre de 2012, que só mesmo terá fim acadêmico em 2013. Entre trânsitos. O FUGA 5 nos propõe refletir sobre os transes dos quais participamos: Das turbulências políticas de uma nação acostumada ao crime público, às transformações sempiternas da arte de ator.

Em todas as relações possíveis com as alteridades ficcionais/reais que o mythos comporta.  Em todas as transições espaço-temporais que nosso desprendimento da realidade permite.

Neste cadinho de transes, o FUGA 5 homenageia todas as formas “pobres” de se fazer teatro: da pobreza de recursos que nos obriga a repensar o sentido da arte, às opções preferenciais pela simplicidade das formas. Para quiçá redescobrir o brilho obtuso do ouro que ainda se oculta, nalguma pArte.